Pesquisadores do Instituto de Biociências da USP fizeram descobertas fascinantes sobre o comportamento reprodutivo dos opiliões, aracnídeos frequentemente confundidos com aranhas. A pesquisa revela que a capacidade dos machos de emitir feromônios sexuais é tão crucial quanto sua condição física para atrair parceiras.
Machos de opiliões e o cuidado parental
O opilião Iporangaia pustulosa apresenta um caso interessante de cuidado parental, onde apenas os machos são responsáveis pela proteção da prole. Laís Grossel, doutoranda e coautora do estudo, explica que essa característica única levanta questões sobre como as fêmeas escolhem seus parceiros.
“A principal função do macho é defender a prole contra predadores. As fêmeas preferem machos bem alimentados, mas a maneira como eles comunicam seu estado nutricional nos intrigou”, afirma Glauco Machado, professor do Departamento de Ecologia.
Glândulas que atraem parceiras
Os machos dessa espécie possuem glândulas exclusivas em suas pernas que podem produzir secreções químicas atrativas. Os pesquisadores conduziram experimentos no Parque Estadual Intervales, em São Paulo, manipulando essas glândulas para entender sua influência na escolha das fêmeas.
Os machos foram divididos em grupos, com alguns tendo suas glândulas bloqueadas e outros mantendo-as funcionais. Os resultados foram surpreendentes: machos bem alimentados e com glândulas ativas tiveram um sucesso reprodutivo muito maior.
Comunicação química como estratégia de acasalamento
Com base nos dados obtidos, fica evidente que a comunicação química desempenha um papel vital no atrativo dos machos. “Machos saudáveis conseguem produzir secreções mais eficazes, aumentando suas chances de atrair fêmeas”, explica Glauco. O estudo sugere que, embora o cuidado parental seja um fator importante, a capacidade de anunciar a saúde do macho é igualmente crucial.
Além disso, a pesquisa propõe um novo modelo teórico, o “modelo de cuidado masculino essencial”, que postula que machos em boa condição física investem mais energia em sinalizações que os ajudam a se destacar no processo de seleção de parceiros.
A investigação continua, e os pesquisadores buscam entender melhor a composição química dessas secreções e seu impacto na atratividade dos machos.
Para mais informações, os interessados podem entrar em contato com Laís Grossel pelo e-mail laisgrossel@gmail.com ou com Glauco Machado em glaucom@ib.usp.br.