Lobo terrível espécie “recriada” após anos de extinção

Filhotes de lobo "revividos" por engenharia genética surpreendem, mas não são da espécie extinta.

Patrícia Prates
Por Patrícia Prates - Editora-chefe
4 minutos de leitura

Três filhotes de lobo que desafiam as fronteiras da biologia foram apresentados pela Colossal Biosciences, uma empresa dos Estados Unidos, como os primeiros representantes de uma espécie “revivida” por meio de engenharia genética. Batizados de Romulus, Remus e Khaleesi, esses lobos, que possuem características semelhantes ao extinto lobo terrível, nasceram entre outubro de 2024 e janeiro de 2025 em instalações altamente protegidas. O anúncio gerou grande repercussão e foi publicado pela revista Time em abril.

Características dos filhotes de lobo “revividos”

Os novos lobos têm um tamanho considerável, podendo alcançar até 1,20 metro de comprimento e 70 kg quando adultos. Desde o nascimento, eles demonstraram um comportamento selvagem, evitando qualquer interação com humanos, incluindo seus tratadores. Essa característica selvagem é um indicativo de que, mesmo sendo manipulados geneticamente, esses animais mantêm instintos naturais.

A Colossal Biosciences utilizou uma técnica de edição genética para alterar 20 genes de lobos cinzentos comuns, buscando aproximar a morfologia e o comportamento dos filhotes das características do lobo terrível, uma espécie que desapareceu há mais de 10 mil anos. Contudo, é importante destacar que, apesar das semelhanças, esses animais não são considerados lobos terríveis do ponto de vista taxonômico.

A distância evolutiva entre as espécies

O lobo terrível (Aenocyon dirus) e o lobo cinzento (Canis lupus) divergem evolutivamente há cerca de 6 milhões de anos. Para se ter uma ideia, cães selvagens africanos e chacais estão mais próximos dos lobos modernos do que os lobos terríveis. A Colossal argumenta que, devido ao comportamento e aparência dos filhotes, eles podem ser classificados como uma aproximação morfológica dessa espécie extinta.

A base genética usada no experimento foi extraída de fósseis com até 72 mil anos, encontrados em regiões como Ohio e Idaho. A manipulação dessas células foi realizada em embriões que foram gestados por mães de aluguel, no caso, cães de grande porte. A empresa garante que não houve abortos ou complicações neonatais, e os filhotes recebem cuidados veterinários em uma reserva ecológica de 2 mil acres.

Críticas e preocupações sobre a engenharia genética

Embora o feito tenha sido celebrado por muitos, críticos da iniciativa levantam preocupações sobre os riscos da engenharia genética e os impactos potenciais na natureza. A especialização do lobo terrível em caçar presas de grande porte, como mamutes, pode ter sido uma das razões para sua extinção. Assim, a reintegração de um animal com tais características a um ecossistema moderno pode ser problemática e insustentável.

A Colossal assegura que esses lobos nunca serão soltos na natureza e que permanecerão sob observação durante toda a vida. O objetivo principal da empresa é aprender com essa experiência para aplicar a tecnologia em esforços de conservação de outras espécies ameaçadas.

Além dos filhotes de lobo, a Colossal também anunciou a clonagem de quatro exemplares do lobo-vermelho, uma espécie nativa dos Estados Unidos que está à beira da extinção, contando atualmente com menos de 20 indivíduos na natureza. A empresa também está em busca de ressuscitar espécies como o mamute-lanoso e o tigre-da-Tasmânia.

Esses lobos gerados em laboratório têm semelhanças com os “direwolves” da famosa série Game of Thrones, que foram símbolos da Casa Stark e considerados extintos antes de serem encontrados pelos filhos de Ned Stark. Porém, a realidade científica por trás desses filhotes é muito mais complexa e repleta de desafios éticos e ecológicos.

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Editora-chefe
Patrícia Prates é uma jornalista com mais de duas décadas de experiência cobrindo o setor de tecnologia. Especialista em inovação e tendências digitais, é reconhecida por suas análises profundas e reportagens investigativas que destacam o impacto da tecnologia na sociedade.
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